terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Poemas Selecionados

Protesto em nu sustenido

Satisfação em revê-los!
À minha direita, uma Avenida Paulista cansada
com cobertura de pederastia nominal
e nádegas sorridentes expostas a olho nu.

Verbos e gritos sádicos protestam:
- Não me deixem sozinho!

Fardas e castigos comerciais revidam,
Impedindo a rápida progressão.
Do protesto?

Augusto de Andrade

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Carta III

Tudo anda muito agradável.
Estou pirado e mesmo assim continuo vivo,
um pouco abalado...
Gesticulando falsos movimentos
em posições retardadas
capazes de sacudir o tempo,
não sem virtudes, mas cheio de varizes.

O momento é prosaico
medido em preces falhas
para quem não sabe rezar.
Mesmo assim eu beijo,
talvez um colapso, talvez mais lento...

- Espere um pouco!
Não grite enquanto estou surdo,
ainda não posso atender.
Há quatro grandes blocos ao meu redor
e nenhum deles consegue pensar.
Será que não sabem?

Não vou tentar novamente,
os gestos estão se esgotando.
- Martírios pesados,
vão todos a merda!

(Cátia Rodrigues)